Os Guias
Os espíritos têm muitas vias evolutivas, entre estas vias, algumas se tornam religiões aqui no plano material. A Umbanda Sagrada é uma desta vias evolutivas, pois a quantidade de espíritos que afluem para ela é tão grande que foi preciso criar linhas ou correntes espirituais para acomodar tantos espíritos ávidos por manifestarem-se através da incorporação mediúnica.
Essas linhas cresceram tanto e formaram hierarquias, todas pontificadas por espíritos mentores de Umbanda. Elas têm nomes simbólicos, sempre associados aos elementos da natureza, aos vegetais, aos animais, às cores, etc. Entre tantos espíritos destacamos os que denominamos “Guias de Lei”.
Os Guias de Lei são os espíritos que já se assentaram à direita e à esquerda dos Sagrados Orixás e os servem religiosa e magisticamente, sempre trabalhando em beneficio da evolução da humanidade, tanto dos espíritos encarnados quanto dos desencarnados. São incansáveis, tenazes, determinados e jamais desanimam ou fraquejam.
As linhas de trabalho na Umbanda são sete:
Sendo que, os Caboclos, Pretos velhos e os Erês. São os Guias de Lei da direita, divide-se em três grupos, associando-se as faixas etárias do homem. Como mostramos abaixo:
GRUPOS |
FAIXA ETÁRIA |
COMPORTAMENTO |
Pretos-velhos |
Velhice |
Prudência e Humildade |
Caboclos |
Adulto |
Vigor e Pujança |
Crianças |
Infância |
Inocência e Pureza |
E os Baianos, Boiadeiros, e Marinheiros. São os Guias Protetores da direita. Entidades espirituais que atuam na linha de proteção e que contribuem muito para a corrente dos rituais da Umbanda. Sendo que os Baianos, os Boiadeiros e os Marinheiros, também se encaixam na faixa adulto.
E os guias de Lei da esquerda são entidades denominadas Exus e Pombas-gira. Essas entidades mal compreendidas e mal interpretadas pela maioria dos não-umbandistas atuam no plano astral defendendo-nos de obsessores (espíritos em grande atraso espiritual) e de trabalhos de magia negra. São eles também os responsáveis pelas vibrações relativas à parte material de nossas vidas e a quem recorremos em casos de vibrações mais terra-a-terra.
São os guardiões e mensageiros diretos dos Orixás, são a nossa guarda, a nossa defesa contra vibrações negativas. Na Umbanda são chamados de Exus de Lei ou Exus de Cabeça, são entidades de luz (em evolução constante) que, no seu trabalho descem as regiões do plano astral inferior para nos defender e guardar com suas vibrações altamente positivas. Aqueles que confundem essas entidades de luz (Exus e Pombas-gira), com quiumbas e obsessores, demonstram apenas total ignorância de parte espiritual.
O caboclo na Umbanda é, em sua maioria, o indígena desencarnado que, depois de centenas de anos no plano astral, resolve abraçar o novo movimento religioso da Umbanda. Benévolo para com as minorias sofridas e abandonadas, como um Pai carinhoso nos dá conselhos e nos protege, e nos ensina o que é ser companheiro, corajoso, leal e, sobretudo, o desapego às coisas materiais.
A linha dos caboclos é formada por milhares de espíritos, todos incorporados às hierarquias espirituais regidas pelos Orixás menores, o primeiro grau, da hierarquia dos tronos naturais. Estas divindades antiqüíssimas são regidas pelos Sete Tronos Planetários e, através da Umbanda, puderam colocar suas imensas hierarquias espirituais em contato direto com o plano material.
Na umbanda, os caboclos têm uma função relevante, pois são eles que assumem a frente das linhas de trabalho dos médiuns, sendo assim, na maioria das vezes os chefes de terreiro são caboclos. Os caboclos são o elo de ligação entre os médiuns e os Orixás.
Os caboclos são doutrinadores e, seu campo de ação é imenso. Temos caboclos trabalhando em todas as sete linhas, cada um com sua vibração própria. Na maioria das vezes seu símbolo é a flecha, e sua cor depende da sua linha de trabalho, ou seja, do seu Orixá regente.
Como foram primitivos conhecem bem tudo que vem da terra, assim caboclos são os melhores guias para ensinar a importância das ervas e dos alimentos vindos da terra, além de sua utilização.
Possuem grande elevação espiritual, e trabalham "incorporados" a seus médiuns na Umbanda, dando passes e consultas, em busca de sua elevação espiritual. Quando falamos na personalidade de um caboclo ou de qualquer outro guia, estamos nos referindo a sua forma de trabalho.
Costumam usar durante as giras, penachos e fumam charutos. Falam de forma rústica lembrando sua forma primitiva de ser, dessa forma mostram através de suas danças muita beleza, própria dessa linha. Seus "brados", que fazem parte de uma linguagem comum entre eles, representam quase uma "senha" entre eles. Cumprimentos e despedidas são feitas usando esses sons. Costumamos dizer que as diferenças entre eles estão nos lugares que eles dizem pertencer. Dando como origem ou habitat natural, assim podemos ter:
Caboclos da mata - Esses viveram mais próximos da civilização ou tiveram contato com elas.
Caboclos da mata virgem - Esses viveram mais interiorizado nas matas, sem nenhum contato com outros povos.
Assim vários caboclos se acoplam dentro dessa divisão. Torna-se de grande importância conhecermos esses detalhes para compreendermos porque alguns falam mais explicados que outros. Mais ainda existe as particularidades de cada um, que permitem diferenciarmos um dos outros.
A primeira é a "especialidade" de cada um, são elas: curandeiros, rezadeiros, guerreiros, os que cultivavam a terra (agricultores), parteiras, entre outros.
A segunda é diferença criada pela "força da natureza" que os rege. É o Orixá para quem eles trabalham.
Para nós da Umbanda, é importantíssimo saber que a "personalidade" de um caboclo se dá pela junção de sua "origem", "especialidade" e "força da natureza" que o rege.
Quando falamos em manipulação, estamos nos referindo desde preparo de remédios feitos com ervas, emplastos, compressas e banhos em geral até manipulação física, como por rezar "espinhela caída". Esses guias por conhecerem bem a terra, acreditam muito no valor terapêutico das ervas e de tudo que vem da terra, por isso as usam mais que qualquer outro guia. Desenvolveram com isso um conhecimento químico muito grande para fazer remédios naturais.
Como são espíritos da mata propriamente dita, todos recebem forte influência de Oxossi, no sentido apenas do conhecimento químico das ervas, independente do Orixá que trabalhe.
Especialidade de caboclos:
CABOCLOS DE OXUM
Trabalham mais para ajuda de doenças psíquicas, como: depressão, desanimo entre outras. Dão bastante passe tanto de dispersão quanto de energização. Aconselham muito, tendem a dar consultas que façam pensar; Seus passes quase sempre são de alívio emocional.
CABOCLOS DE OGUM
Suas consultas são diretas, geralmente gostam de trabalhos de ajuda profissional. Seus passes são na maioria das vezes para doar força física, para dar ânimo. Com grande força para quebrar demandas.
CABOCLOS DE YEMANJÁ
Trabalham geralmente para desmanchar trabalhos, com passes, limpeza espiritual, conduzindo essa energia para o mar.
CABOCLOS DE XANGÔ
Trabalham geralmente para: emprego; causas na justiça; imóvel e realização profissional. Dão também muito passe de dispersão. São diretos para falar.
CABOCLOS DE NANÃ
São mais raros, mas geralmente trabalham aconselhando, mostrando o karma e como ter resignação. Dão passes onde levam eguns que estão próximos.
CABOCLOS DE INHASÃ
São diretos para falar e rápidos também, muitas vezes pegam a pessoa de surpresa. Geralmente trabalham para empregos e assuntos de prosperidade, pois Iansã tem grande ligação com Xangô. No entanto sua maior função é o passe de dispersão (descarrego). Podem ainda trabalhar para várias finalidades, dependendo da necessidade.
CABOCLOS DE OXALÁ
Geralmente dão passe de energização. São "compactados" para incorporar e se mantém localizado em um ponto do terreiro sem deslocar-se muito.
CABOCLOS DE OXÓSSI
São os que mais se locomovem, são rápidos e dançam muito. Trabalham com banhos e defumadores, não possuem trabalhos definidos, podem trabalhar para diversas finalidades.
CABOCLOS DE OBALUAIÊ
São espíritos dos antigos "bruxos" das tribos indígenas. Movimentam-se pouco. Fazem trabalhos de magia, para vários fins.
A FALANGE DOS CABOCLOS.
Todo caboclo tem uma vibração originária de orixá masculino e toda cabocla tem uma vibração originária de Orixá feminino, mas como falange, eles (as) podem penetrar em todas as vibrações de Orixás e do Oriente. Para explicar melhor, citaremos o exemplo da Cabocla Jurema: toda cabocla Jurema tem vibração originária de Iansã, mas poderemos encontrar a mesma entidade trabalhando em outras vibrações como Jurema da Praia, na vibração de Iemanjá; Jurema da Cachoeira, na vibração de Oxum; Jurema da Mata, na vibração de Oxossi, e assim sucessivamente. É a mesma entidade, com vibração originária de Iansã, penetrando em outras vibrações de Orixás. Segue-se a relação dos caboclos e caboclas mais conhecidos na Umbanda, com sua respectiva vibração originária. Sendo que há entidades que trabalham cruzadas em duas ou mais linhas, mas revelam apenas seu primeiro nome.
CABOCLOS DE OGUM.
Águia Branca, Águia Dourada, Águia Solitária, Araribóia, Beira-Mar, Caboclo da Mata, Caiçaras, Guaracy, Icaraí, Ipojucan, Itapoã, Jaguarê, Rompe Aço, Rompe Ferro, Rompe Mato, Rompe Nuvem, Sete Matas, Sete Ondas, Tabajara, Tamoio, Tupuruplata, Ubirajara, etc.
CABOCLOS DE XANGÔ.
Araúna, Caboclo do Sol, Cajá, Caramuru, Cobra Coral, Girassol, Goitacaz, Guará, Guaraná, Janguar, Juparã, Mirim, Sete Cachoeiras, Sete Caminhos, Sete Estrelas, Sete Luas, Sete Montanhas, Tupi, Treme Terra, Sultão das Matas, Cachoeirinha, Urubatão, Urubatão da Guia, Ubiratan, etc.
CABOCLOS DE OXOSSI.
Arruda, Aimoré, Arapuí, Boiadeiro, Caboclo da Lua, Caçador, Flecheiro, Folha Verde, Guarani, Japiassú, Javarí, Paraguassu, Mata Virgem, Pena Azul, Pena Branca, Pena Verde, Pena Dourada, Rei da Mata, Rompe Folha, Sete Flechas, Serra Azul, Tupinambá, Tupaíba, Tupiara, Ubá, Sete Encruzilhadas, Junco Verde, Tapuia, etc.
CABOCLOS DE OMULÚ.
Arranca Toco, Acuré, Aimbiré, Bugre, Guiné, Giramundo, Yucatan, Jupurí, Uiratan, Alho d'Água, Pedra Branca, Pedra Preta, Laçador, Caboclo Roxo, Grajaúna, Bacuí, Piraí, Surí, Serra Verde, Serra Negra, Tira Teima, Folha Seca, Sete Águias, Tibiriçá, Viramundo, Ventania, etc.
CABOCLAS DE IANSÃ.
Bartira, Jussara, Jurema, Japotira, Maíra, Ivotice, Valquíria, Raio de Luz, Palina, Poti, Talina, Potira, etc.
CABOCLAS DE IEMANJÁ.
Cabocla da Praia, Estrela d'Alva, Guaraciaba, Janaína, Jandira, Jaci, Sete Ondas, Sol Nascente, etc.
CABOCLAS DE NANÃ.
Assucena, Inaíra, Juçanã, Janira, Juraci, Luana, Muiraquitan, Sumarajé, Xista, Paraguassú, etc.
CABOCLAS DE OXUM.
Iracema, Yara, Imaiá, Jaceguaia, Juruema, Juruena, Araguaia, Estrela da Manhã, Tunuê, Mirini, etc.
O Preto velho, na Umbanda, é um grande conselheiro por excelência. Sua natureza expressa naturalmente boa vontade, paciência, tolerância, prudência e alegria, na fala mansa de quem já aprendeu perfeitamente que a vida é a suprema doação do Criador.
Os Pretos Velhos são de certa forma bem tolerantes com seus protegidos, sinhozinhos e sinhazinhas. Não se aborrecem facilmente, mas quando isso acontece, são duros e exemplares no castigo e na indiferença. Pregam, sobretudo a renovação moral dos seus tutelados em todos os sentidos. São observadores atentos de todos os fenômenos físicos e astrais do planeta.
Formam grupamentos distintos das varias nações africanas, mas, com o passar do tempo esta diferença esta se esvaecendo. São regidos por Obaluaiê, Por isso seu trabalho é ligado à linha das almas, seu símbolo é a cruz (dependendo da linha de trabalho) e suas cores são o branco e o preto. Seus trabalhos são de ajuda aqueles que estão em dificuldade material ou emocional, sendo que, o seu trabalho se desenvolve mais para o lado emocional e físico, das pessoas que os procuram, sendo chamados, carinhosamente de psicólogos dos aflitos.
Os Pretos velhos não trabalham propriamente dentro de uma linha de um Orixá, ou seja, não tem Preto velho de Ogum, Xangô, Nanã, etc. Sendo que o Preto velho estará sempre cruzando uma linha, ou seja, Obaluaiê e Ogum, Obaluaiê e Xangô, Obaluaiê e Nanã, Obaluaiê e Iemanjá, e assim por diante. Somando-se ainda à sua nação Angola, Congo, Aruanda, etc.
As almas de crianças que comparecem nos Templos de Umbanda são criaturas infantis que desencarnaram em tenra idade. No Brasil-Colônia e até a década de 40 deste século, o índice de mortalidade infantil foi desastroso. A parentela astral destas crianças resolveu que as mesmas professassem a religião da Umbanda. As almas infantis são relacionadas aos Ibejis (Cosme, Damião e Doum).
A incorporação de uma criança de Umbanda traz ao médium uma rara sensação de leveza, espontaneidade, afetividade, ingenuidade e respeito aos mais velhos, que tratam de “Tio, Tia, Avó, Avô” ou “Menininho, Menininha”, quando se trata de encarnados menores.
Nas festas de Cosme e Damião, os médiuns se paramentam de roupas infantis, chupetas e brinquedos, e se aliam aos pequeninos, entregando-se ao espírito da festa com ingenuidade, candidez e peraltice. Não tem uma simbologia própria, mas trabalham em todas as linhas. Suas cores são o Azul e o rosa.
Temos espíritos Baianos trabalhando em todas as irradiações e uns se apresentam como Baiano de Oxossi, outros de Xangô, outras de Iansã, etc. Atuando nas sete linhas.
São espíritos alegres, brincalhões, descontraídos e chegados a trabalhos de desmanches, de quimbanda e magia, que parecem dominar com facilidade e aos quais estão familiarizados. São muito conselheiros, orientadores, aguerridos e chegados à macumba (dança ritual), durante a qual trabalham enquanto giram com seus passos próprios.
Apreciam as festas que lhes fazem, onde bebem batida de coco e comem comidas típicas da cozinha baiana. Suas oferendas devem ser feitas próximas de pés de coqueiros ou nos pontos de forcas que os regem. E uma linha de transito evolutivo para os “eguns” que já serviam os Orixás quando viveram no plano material. Normalmente seu símbolo e estrela de seis pontas ou cinco pontas riscadas dentro de um chapéu de cangaceiro, e suas cores são variadas dependendo da sua linha de trabalho.
Para cuidar das boiadas e de outros animais de pasto, nasceu dessa atividade um tipo característico, conhecido pelo nome de carreiro ou boiadeiro. O boiadeiro e antes de tudo um homem forte, másculo, jovial, ingênuo, respeitador, valente, namorador, sincero, companheiro, trabalhador e muito festeiro. Sua propriedade se restringe ao cavalo de sua predileção, sua rede ou cama de capim seco, um céu cheio de estrelas e uma viola pendurada na parede de taipa, testemunha plangente dos seus ardores e dos seus cantares.
Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força e a vontade de conquistar, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.
A incorporação do boiadeiro (quase sempre em homens) confere uma virilidade inusitada ao médium, emprestando valentia e muita alegria, descompromissada com os interesses atuais. Apreciam a natureza campestre, cavalos, bois e aves. Despreocupados confiam no boiadeiro maior “Zambi”.
A umbanda tem nessa linha de espíritos do mar uma das suas linhas de trabalhos espirituais. São espíritos alegres e cordiais que gostam de imitar os marujos nos tombadilhos dos navios em dias de tempestade. Mas na verdade são seus magnetismos aquáticos que lhe dão a impressão de que o solo esta se movendo sob seus pés. Fato este que os obriga a se locomoverem constantemente para frente e para trás. Os marinheiros são realmente espíritos de antigos piratas, marujos, guardas marinhos, pescadores e capitães do mar. São regidos por Iemanjá e Oxalá, mas atuam também sob a irradiação de Iansã, Oxum, etc.
Trabalham dando a impressão de que estão bêbados, e gostam de tomar rum ou cerveja enquanto dão consulta as pessoas. Mas devemos doutriná-los e servir-lhes só o mínimo necessário para regularem seus magnetismos e permanecerem equilibrados enquanto atendem as pessoas. São ótimos para casos de doenças, para cortar demandas e para descarregar os locais de trabalhos espirituais. Seu símbolo e a ancora e suas cores são azul e branco.
A vibração do Oriente não é considerada vibração de Orixá e nela não se encaixam espíritos chamados falangeiros de Orixás. É uma vibração característica da Umbanda, não existindo nas outras religiões denominadas afro-brasileiras, e que representa a inclusão da sabedoria oriental na nossa religião. É uma vibração onde geralmente se encaixam entidades de alta evolução espiritual e que se dedicam principalmente ao trabalho de cura.
A linha do oriente do qual faz parte à linha médica que em sua maioria trabalha com médicos Hindus, ou, melhor dizendo Mestres Hindus, que com sua sabedoria e paciência curam não somente as doenças da carne, mas principalmente as doenças da alma, porém sem interferir no karma dos filhos de Umbanda que os procuram; são entidades próximas da energia sutil de Oxalá, trabalham com pura energia cósmica do universo, tratando principalmente o perispiírito do individuo para que este tratamento seja refletido no corpo físico.
Nota:
Quando o médium nota que seu guia (caboclo, preto velho, boiadeiro ou marinheiro) tem pendor, vocação ou índole para o trabalho de cura de seus consulentes deve imediatamente procurar instruir através de livros especializados que tratem dos valores naturais das raízes, cascas, folhas e frutos usados na cura e prevenção das enfermidades do ser humano.
Não podemos esquecer que existe um processo de intensa permuta entre o guia e o médium, tanto no campo do conhecimento como das emoções. Nesse caso a entidade, através do médium, alarga o seu saber, faz nova descoberta, aprimorando-se conseqüentemente na arte da cura, em consonância com a investigação e conclusões da ciência fitoterápica.
Desde os primeiros tempos no atendimento terapêutico na terra brasileira, as ervas sempre foram à matéria prima dos chás, gargarejos, emplastos, defumações, banhos, lavagens, etc. Somando-se o conhecimento das entidades e do médium, o consulente certamente terá a sua cura.
Falar a respeito dos Exus é algo muito complicado e delicado, porque sua força de atuação é maior e mais variada do que imaginamos. Na Umbanda, Exu é força ativa por excelência, e como Guardião, tem uma função definida pela Lei maior que nós não podemos colocar em dúvida.
No ritual africano antigo, Exu não é utilizado para trabalhos comuns, mas sim é considerado o elo de ligação do filho de fé com o seu Orixá. Ele é o mensageiro que leva nossos pedidos e, ao mesmo tempo, nos passa as ordens do Orixá. Na Umbanda, Exu é mais uma entidade de trabalho. Isso não quer dizer que existam grandes diferenças, apenas o modo de colocar esta força em ação é diferente. O Exu é uma entidade que tem seu ponto de força do lado negativo.
Um Exu de Lei, ou Exu Guardião esta ligado a um Orixá menor. Ele, dentro de uma linha de força, não é um ente sem responsabilidade para com a Lei maior. Muito pelo contrario, pois possui um campo de ação bem definido. Os guardiões dos orixás maiores são apenas sete, um para cada linha de força. Cada um tem seu subordinado direto que por sua vez comandam outros setenta e sete sub chefes de falanges. Setes são as linhas de forcas tanto no positivo quanto no negativo; sete são os círculos ascendentes, e sete os descendentes; sete os símbolos da luz e sete são os símbolos negativos; sete são os degraus ascendentes e sete os descendentes. Mas o primeiro ascendente é ligado ao primeiro descendente, e assim sucessivamente.
O Exu de lei, tem o seu “ponto riscado” ligado a um dos sete Maiorais. Os Exus que atuam através do dom ancestral místico de incorporação oracular são aqueles que estão aprendendo a usar os instrumentos colocados a sua disposição. Com o tempo, vão se aperfeiçoando e suas evoluções passam a ser mais rápidas.
Os Exus que trabalham na Umbanda são aqueles que já evoluíram o suficiente para perceberem que servir à Luz pode ser trabalhoso, mas é compensador. Os maiores guardiões estão com os seus comandados em constante evolução, e este trabalho e dado apenas aqueles que já tem um esclarecimento muito grande.
Uma entidade de luz não teria coragem de punir um espírito que só conheça a linguagem do mal, mas um Exu Guardião tem sua falange para executar este trabalho, e o faz com muita disposição.
Para concluir, Exu é uma entidade que trabalha como executor da Lei divina, é o Guardião dos Orixás, pois trabalha em todas as linhas da Umbanda, tanto o Exu, como a Pomba Gira. Seu símbolo depende da sua linha de atuação, mas seu símbolo principal é o tridente, suas cores são o vermelho e o preto.
Hierarquia dos Exus.
Os Exus são os "mensageiros" dos Orixás aqui na Terra. Através deles, os Orixás podem manifestar-se no lado negativo ou círculos descendentes. Os exus, são considerados como "policiais", que agem pela Lei, no submundo do "crime" organizado. As "equipes" de Exus sempre estão nestas zonas inferiores, mas, não vivem nela. Passam, a maior parte do tempo nela, mas, não fazem parte dela. Devido a esta característica, os Exus, são confundidos com os kiumbas. Videntes os vêem nestes lugares e erroneamente dizem que eles são de lá. Os Exus, estão também, divididos em hierarquias. Onde temos Exus muito ligados aos Orixás Menores até aqueles Exus ligados aos trabalhos mais próximos às esferas inferiores. Os exus dividem-se hierarquicamente.
As pombas-gira.
O termo Pomba-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que significa em Nagô, Exu. A origem do termo Pomba-Gira, também é encontrado na história. No passado, ocorreu uma luta entre a ordem dórica e a ordem yonica. A primeira guardava a tradição e seus puros conhecimentos. Já a iônica tinha-os totalmente deturpados. O símbolo desta ordem era uma pomba-vermelha, a pomba de Yona. Como estes contribuíram para a deturpação da tradição e foi uma ordem formada pela maioria por mulheres tinham que
saldar suas dívidas. Atualmente elas vem pela Lei de Umbanda como Pomba-gira para ensinar, e fazer seu resgate do passado. Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o Diabo, quem dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exus ! As distorções e preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os. Pomba-Gira é um Exu Feminino, não são prostitutas. Na verdade, dos Sete Exus Chefes de Legião - do Sétimo Grau, apenas um Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pomba-Gira é mulher de Sete Exus. Dentro da hierarquia do Exu Feminino (Pomba-Gira), estão divididas em níveis diversas outras pombas-gira, da mesma forma que as demais falanges. As pombas-gira são grande magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São, como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma. São espíritos alegres e gostam de conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções. Estendem os assuntos ou alguma situação, só para que chegue ao âmago do assunto.
Apesar de todos estes aspectos, devemos conhecer cada vez mais o trabalho dos guardiões, pois eles estão do lado da Lei e não contra ela. Vamos encará-los de maneira racional e não como bichos-papões. Eles estão sempre dispostos ao esclarecimento. Através de uma conversa franca, honesta e respeitosa, podemos aprender muito com eles. Estamos numa época que o sobrenatural, o maravilhoso e o milagroso já não existem. As informações devem ser espalhadas e discutidas. Não sejamos ingênuos aceitando tudo como verdades absolutas, usemos a razão e o discernimento para separar o joio do trigo.