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Os Orixás
Os Orixás

Os Orixás

 “A Umbanda é uma religião sincrética, pois fundiu quatro culturas religiosas e criou uma quinta, já com feições próprias, pois não é culto de nação; não é espiritismo; não é pajelança; e não é cristianismo, mas, é Umbanda, a religião brasileira por excelência, e é um reflexo da religiosidade desta nação, onde opostos e as paralelas não só se tocam ou se encontram, como também costumam se fundir, misturar e mesclar”. (Do livro “Umbanda Sagrada” de Rubens Saraceni).

O que o autor deste parágrafo quis dizer, é que a Umbanda é uma religião que esta no nosso sangue, pois, nós brasileiros somos a fusão de varias raças e credos, e moramos num paraíso. Onde a natureza esta muito próxima; sendo assim, os Orixás também estão.

Os Orixás são as divindades da natureza, sendo que cada divindade rege uma parte da mesma, são seres divinos e regentes naturais das forças da natureza e das leis divinas. Onde cada divindade tem sua faixa vibratória, energética e magnética e que se intensificam próximo dos pontos de força de cada Orixá.

Existem locais cujas energias ou cujos magnetismos são mais “puros” e facilitam o contato com o outro lado da vida. Estes locais são chamados de pontos de forças ou santuários naturais porque é neles que devemos realizar cerimônias abertas nos quais cultuamos, evocamos e entramos em contato mediúnico com os nossos guias espirituais e amados Pais e Mães Orixás.

A Umbanda se caracteriza pela manifestação de espíritos, organizados e hierarquizados de modo a garantir uma perfeita, correspondência entre o plano físico e astral, correspondência esta proporcionada pela afinidade entre o médium e seus guias de cabeça (Orixás) e de trabalho.                

Sincretismo Umbandista

Quanto ao sincretismo umbandista/católico, compreendemos, perfeitamente, a natural simpatia e respeito que a nossa gente tem para com a religião dos nossos avós. Mas, a associação aos santos católicos deu-se pelo fato dos escravos não poderem cultuar seus Orixás, pois, os portugueses os obrigavam a cultuar os Santos católicos, porém com certa malícia os nossos irmãos negros cultuavam seus Orixás usando nomes de Santos católicos, e associando-os dentro de seu culto. Temos como exemplo: Iansã como Santa Bárbara; Ogum como São Jorge; Xangô como São Jerônimo; Oxossi como São Sebastião, etc.

Mas, na maioria dos Templos Umbandistas, tem no conga (altar) imagens dos Santos católicos, o que para os guias chefes não faz muita diferença, pois, na sua simplicidade o mais importante é a fé, o amor e a caridade.

Os Orixás e seus Pontos de Força

Orixá

Ponto de Força

Oxalá

Campo aberto

Xangô

As pedreiras

Oxum

Rios e cachoeiras

Iansã

Pedreiras altas, bambuzal e vento.

Nanã

Os lagos

Oxossi

As matas

Iemanjá

A beira-mar, O mar

Ogum

Os caminhos

Abaluaiê e Omolu

Os cemitérios

São estes locais onde suas vibrações são maiores, e a energia pode ser sentida a flor da pele. Equilibrando as nossas energias interiores e harmonizando as nossas vibrações com as dos Orixás, aumentando o tamanho e o brilho de nossas auras, fazendo com que nosso espírito seja inundado por esta energia cósmica divina, tornando-se um pouco mais luminoso.

Somando-se esta energia do ponto de força ao dia da vibração do Orixá, os benefícios para o corpo, mente e espírito; serão muito maiores, nos trazendo até mesmo curas espirituais.

Orixá

Dia da semana

Oxalá

Sexta-feira

Xangô

Quarta-feira

Oxum

Sábado

Iansã

Quarta-feira

Nanã

Sábado

Oxossi

Quinta-feira

Iemanjá

Sábado

Ogum

Terça-feira

Abaluaiê / Omolu

Segunda-feira

Todos os Orixás e Erês

Domingo

As sete linhas de Umbanda

As sete linhas de Umbanda são, na verdade, as sete irradiações vivas de Deus, e que são estas:

Orixá

Irradiação

Oxalá

Oxum

Amor

Oxossi

Conhecimento

Xangô / Iansã

Justiça

Ogum

Lei

Abaluaiê/Omolu/ Nanã

Evolução

Iemanjá

Criatividade

E dentre as linhas de entidades trabalhadoras incorporadas às linhas dos Orixás temos:

Entidade

Caboclos

Pretos Velhos

Crianças (Erês)

Baianos

Boiadeiros

Marinheiros

Exus e Pombas gira

Orixás menores

Os Orixás menores, são os Orixás que realmente são incorporados na Umbanda. Não são espíritos puros, mas são espíritos purificados, que alcançaram um grau de evolução muito grande. Estes espíritos purificados que atuam cada um em sua linha de trabalho de seu Orixá maior, por terem evoluído tanto a sua vibração e a sua luz; são muito próximas da vibração deste Orixá maior. Sendo que os Orixás maiores que estão no topo desta hierarquia, são as divindades da natureza, são seres puros que nunca encarnaram, e são a própria essência do Criador.

Portanto, quando falamos em Orixás, no referimos a eles somente como Orixás e não como Orixás maiores ou menores, dizemos apenas que são Orixás. Sendo que quando dizemos que tal Orixá é nosso Pai de cabeça, na verdade estamos dizendo que temos em nosso ser a vibração destes seres iluminados, e quão somos ligados à natureza, que vibra dentro de nós mesmos, nos nossos espíritos.

Oxalá

Falar de Oxalá é falar de algo que é para ser sentido e não tocado. Oxalá não tem um ponto de força específico na natureza. Mas pode ser reverenciado em campo aberto. Ele é a luz que equilibra a todos nós.

Ele atua na Umbanda como o maior dos Orixás. Seu poder não tem lugar para se manifestar. Todos os lugares são seus. Se vamos ao mar, as matas, aos rios, aos lagos, as pedreiras, enfim em todos os lugares esta Oxalá, reinando acima de tudo e de todos.

Os trabalhos realizados sob as ordens de Oxalá são sempre doutrinadores, pois age através da fé e da religiosidade. Seu símbolo (Ferramenta) é um cajado com adornos (Paxoró). Seu símbolo escrito é a estrela de cinco pontas, e sua cor é o branco e atua através do ar, sem ar não tem fogo, sem o ar à água torna-se putrefata, sem o ar a vida desaparece por completo. Simplicidade, pureza, humildade e bondade são a sua essência. Assim é o Orixá Oxalá (Jesus).

Lenda:

É o orixá que criou os homens. Obstinado e independente, é representado de duas maneiras; Oxalufã e Oxaguiã. Oxalá é tão popular no Brasil que é sincretizado como Jesus Cristo. Oxalá (Orisá nla) é na realidade o único deus dos Yorubás. Ele é o senhor de todas as coisas, senhor supremo do universo. O que causa confusão na cabeça das pessoas é na verdade não conhecer a mitologia dos orixás de origem yorubá. Orixalá - Obatalá - Orunmila - Oguian - Olufon - Oloroke -Olodumare - Olorun, na realidade não são nomes, mas títulos do mesmo Orixá, Orixalá não é nada mais que "Orisa-nla". Como sabemos “Orisá” é o dono da cabeça, e “nla” é grande, resultado as duas palavras s resumem e O GRANDE ORIXÁ ou MAIOR DO ORIXÁS. Com o nome Olodumare ele criou o mundo em que vivemos e todas as coisas que nele estão. E para que sua tarefa não fosse solitária ele criou os Orixás, deu a cada um deles uma tarefa específica, ficando consigo a tarefa de administrar o AYE (Mundo). Seja qual for o nome com que Oxalá seja cultuado, ele será sempre Senhor de tudo e de todas as coisas que compõem o universo. Está ligado a todas as coisas desde a criação até a morte.

Xangô

Xangô, o Orixá da Justiça, O Guardião dos mistérios da justiça, Senhor do fogo, e como tal age, quando decide punir os que afrontam a Lei. Muitos que caminham na escuridão deveriam conhecer Xangô, o Orixá da Justiça Divina. Então descobririam o seu significado: a Lei é como rocha. Que todo mediador entre os dois planos da vida saiba onde está a linha do equilíbrio que deve trilhar para não ser desamparado por Xangô, pois, Ele sempre esta disposto a nos ouvir. Se a nossa causa for justa, Ele nos amparará; se for injusta, nos esclarecerá. Se ainda assim não o ouvirmos aos rigores da Lei nós seremos chamados.

Seus pontos de força são as pedreiras, pois a Lei divina é dura como pedra; seu símbolo (Ferramenta ou Arma) é o machado duplo chamado de Oxé; seu símbolo escrito pode variar bastante de acordo com a linha e pode ser um machado, um raio (Trovão); sua cor é o marrom, age através do equilíbrio e da razão. Que ninguém desafie a Lei Divina, senão encontrará muitas pedras no seu caminho. Todas elas colocadas por Xangô, o Orixá da Justiça e do fogo, elemento purificador dos pecadores.

Lenda:

Xangô é viril, atrevido, violento, mas ao mesmo tempo justiceiro, castiga os mentirosos; é uma espécie de ministro da justiça do panteão espiritual. Xangô é visto como um misto de admiração e profundo respeito, também solicitado em todas as pendências, notadamente as judiciais. Popularmente é muito comum ascenderem velas da cor marrom (cor da terra e da pedra) com o intuito de direcionar a justiça a nosso favor e certamente teremos resultados favoráveis se nosso pedido é justo.

Na maioria dos candomblés, predomina as cores, vermelho e branco, quer na indumentária, quer nas guias. O Oxê, machado de duas lâminas, é o instrumento ritualístico, onde Xangô dança, segurando-o com umas das mãos com passos firmes e digno de um Rei dançando majestosamente. Xangô Rei de Oyó, Orixá conquistador, possui três esposas a mais velha Obá, a menos amada, Oxum que era casada com Oxossi e por quem Xangô apaixonou-se, e Iansã, que vivia com Ogum e que Xangô raptou-a e que se tornou à preferida, guerreira, que precede o marido em todas as batalhas e conquistas, aquela que manipula com magia seus raios para vencer os inimigos, aquela que chorou até formar um rio quando ele morreu. Xangô está intimamente ligado com a realeza, é um herói divinizado, fundador de Dinastia a origem da família real de Oyó, o verdadeiro Xangô teria sido o quarto Rei dos Yorubá, ou o segundo Rei Oyó. Talvez seja o Orixá que possua o maior número de lendas a seu respeito, todas mostrando-nos o seu poder e fascínio.

Oxum

Quando falamos de Oxum, falamos de amor. Oxum é o próprio amor em ação. Sua força é à força do amor. É por causa dela que precisamos nos purificar nas cachoeiras, para nos reequilibrarmos em nosso campo mediúnico.

Oxum é o sentimento humano do amor, representado pelas águas que caem e continuam o seu curso, alimentando a vida a sua volta. Oxum é a lágrima incontida nos momentos de provação, porque somente através das lagrimas conseguimos liberar a emoção negativa que nos magoa, sufoca ou provoca forte angustia. Só através das lagrimas conseguimos liberar esta energia e continuar nossa caminhada.

Oxum é cultuada como mãe afetuosa, que ampara seus filhos com fluidos regeneradores da água doce dos rios, seus pontos de força são as cachoeiras; sua cor é o amarelo; seu símbolo escrito é um coração, mas carrega consigo um espelho dourado (Abebé), e age através do amor.

Lenda:

É uma das figuras físicas mais belas do panteão místico do ioruba. Oxum é um Orixá feminino bastante cultuado aqui no Brasil, e que tem o nome de um mesmo rio que corre na Nigéria, em Ijexá. Chamada de Ialodê, título conferido à pessoa que ocupa o lugar mais importante entre todas as mulheres da cidade. A sua figura é ligada ao conceito de fertilidade e é a ela que se dirigem as mulheres que querem engravidar, sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos em gestação como pelas crianças recém-nascidas, até que aprendam a falar.

Oxum é a segunda mulher de Xangô, tendo vivido antes com Ogum, Orunmila e Oxossi. Tudo o que é feminino em termos de arquétipos é de Oxum: a denguice, o disfarçar de uma inteligência viva nunca aparente visão sonsa e despreocupada do mundo, e também a magia. A ela são atribuídos poderes de feiticeira, pela facilidade de comunicação entre ela os que possuem esse tipo de poder. As características de requinte, de vaidoso exibicionismo, de gosto pelo que é caro, luxuoso e bonito fazem parte de Oxum. Mas nem por isso nem a maternidade a fazem passiva. Muito astuta, é competitiva, orgulhosa e altiva, está sempre alerta, mas gosta de confundir seus inimigos, aproveitando-se da imagem de desprotegida e frágil que possui, cuidadosamente ornada por ela. Oxum gosta de ser bajulada e bem tratada, não perde a consciência de que esta havendo bajulações e não sinceridade.

Iansã

Iansã é uma Orixá que faz do tempo seu campo de atuação. O tempo é a execução da Lei para aqueles que subverteram seus princípios básicos. Todos nós estamos sujeitos ao julgamento da Lei, e a todo instante a Lei está se fazendo executar, tanto na forma de castigo como na forma de recompensa.

Na linha de Lei, Xangô é o Juiz, mas Iansã é quem executa a sentenças. Xangô não carrega Eguns, mas sim Iansã a Senhora Executora do Castigo. A Ela compete agir com o rigor exigido para o reequilibrio astral dos espíritos.

Iansã é uma Orixá Guerreira por excelência; atua através dos ventos; seu símbolo (Ferramenta ou arma) é a espada; seu símbolo escrito pode variar de acordo com a linha, mas em geral é um raio (Trovão); sua espada simboliza a execução do karma; sua cor pode ser o alaranjado; o amarelo; ou o vermelho. Dependendo da sua linha de atuação.

Lenda:

Iansã (Oyá) é a divindade dos ventos, das tempestades e do rio Niger que, em yorubá, chama-se Odó oyá. Foi mulher de Xangô e tinha um temperamento ardente e impetuoso. Conta uma lenda que xangô enviou-a em missão na terra dos baribas, a fim de buscar um preparado que, uma vez ingerido, lhe permitiria lançar fogo e chamas pela boca e pelo nariz. Oyá desobedecendo às instruções do esposo experimentou esse preparado, tornando-se também capaz de cuspir fogo, para grande desgosto de Xangô, que desejava guardar só para si esse terrível poder. Oyá foi, no entanto, a única das mulheres de Xangô que, ao final do seu reinado, seguiu-o na sua fuga para tapá. E, quando Xangô recolheu-se para baixo da terra, em kossô, ela fez o mesmo em Ifá.

Antes de se tornar mulher de Xangô, Oyá tinha vivido com Ogum. Ela fugiu com Xangô, e Ogum, enfurecido, resolveu enfrentar o seu rival, mas este último foi à procura de Olodumare, o Deus supremo, para lhe confessar que havia ofendido Ogum. Olodumare interveio junto ao amante traído e recomendou-lhe que perdoasse a afronta. E explicou-lhe: "Você, Ogum, é mais velho do que Xangô! Se como mais velho deseja preservar sua dignidade aos olhos de Xangô e aos outros Orixás, você não deve se aborrecer nem brigar, você deve renunciar a Oyá sem recriminações". Mas Ogum não foi sensível a esse apelo. Dirigido aos sentimentos de indulgência. Não se resignou tão calmamente assim, lançou-lhe a perseguição dos fugitivos e, como vimos anteriormente, trocou golpes de varas mágicas com a mulher infiel, que foi então, dividida em nove partes. Este número 9, ligado a Oyá, está na origem do seu nome Iansã e encontramos está referência no ex-Daomé, onde o culto de Oyá é feito em Porto Novo, sob o nome de Avesan, no bairro Akoron (Loroko dos iorubás) e sob ode Aborimesan ("com nove cabeças"), alusão aos supostos nove braços do delta do Níger. Uma outra indicação da origem desse nome nos é dada pela lenda da criação da roupa de Egúngun por Oyá. Roupas sob as quais, em certas circunstâncias, os mortos de uma família voltam a terra a fim de saudar seus descendentes. Oyá é o único Orixá capaz de enfrentar e dominar Egúngun.

Nanã

Nanã Buruquê é a razão e a sabedoria. A Guardiã dos lagos e águas calmas dos estuários. Mas, como os lagos, oculta em sua profundeza muitos mistérios. E mesmo quem a tem como Orixá de frente, consegue penetrar muito pouco em seus mistérios.

Como Orixá, sua manifestação é através de movimentos lentos, porque traz em si uma energia e magnetismo muito fortes. Seus movimentos alem de lentos são cadenciados.

As pessoas muitos agitadas não conseguirão ficar muito tempo à beira das águas calmas. Suas vibrações ativas não se harmonizarão com as vibrações passivas daquelas águas. Mas se tiverem paciência e repetirem esta experiência varias vezes, terão seu campo vibratório descarregado e magnetizado pelas águas calmas, modificando, assim, o próprio modo de ser. Ganharão mais equilíbrio e agirão com mais ponderações.

Nanã é também uma das Orixás mais respeitadas na Umbanda, por se mostrar como a nossa vovó amorosa, sempre paciente com nossas imperfeições, como espíritos encarnados tentando trilhar a senda da Luz. Seu símbolo (Ferramenta) é o Ibirí (feixe de dendezeiros curvados e parecidos com uma vassoura), que varre as impurezas da carne e do espírito; e sua cor é o roxo, ou violeta. Por ter uma forte ligação com as almas seu símbolo escrito é na maioria das vezes cruzes com ondas simbolizando lagos. Seu elemento é a terra.

Lenda:

Nanã Buruquê é uma divindade muito antiga. A área que abrange o seu culto é muito vasta. O ponto até hoje mais longe pesquisado foi Atapamê, no togo, onde há um templo importante de Nanã Buruquê. Em Savê e nas regiões mais ao oeste da África, os estudiosos do assunto também encontraram um culto de Nanã Buruquê, mas encontraram também o de várias Nanã Buruquê, que nestas regiões recebem o nome de Nèné.

Nanã é um termo de referência empregado na região de Astanti para as pessoas idosas e respeitáveis e que ao mesmo tempo significa "Mãe" para os Fons, os Eke e para os Guang da atual Gana. Como as pesquisas são lentas e o território que cultua tal Orixá é casto, fica difícil para os estudiosos traçarem um paralelo e os laços existentes entre todas as divindades cujo nome é precedido de Nanã ou Nèné. No geral são chamados de Inil, e parecem todas desempenhar o mesmo papel e deus supremo. Em todos os templos consagrados a esta Orixá há um assento sagrado salpicado de vermelho, em forma de trono Astanti reservado, á sacerdotisa de Inil (Nanã), no qual só ela pode tocar. Todos os iniciados ligados ao templo tem grandes bengalas salpicadas de pó vermelho e, em torno do pescoço, usam cordinhas trançadas sustentando uma conta achatada de cor verde. Nanã é uma Orixá daometana, que foi absorvida pela cultura iorubá. Na cultura original Nanã era a Matriarca, o principio e o fim de tudo, a que dá e recolhe a vida, a que prepara os seres humanos para nova vinda. Segundo os Daometanos, ela governa tudo que poderia existir fora da existência humana no mundo.

Era considerada a Matriarca da terra. Já seu culto na cultura iorubá sofreu grande transformação, pois esta cultura é toda patriarcal, e as Orixás femininas iorubás são sempre associadas à água. Logo Nanã, na cultura iorubá, ocupa o lugar de avó, vez que a figura de "mãe" já não é ocupada na mitologia Nagô (iorubá) em versões e momentos diferentes, tanto que por Iemanjá como por Oxum. O lugar de avó foi titulo a ela outorgado devido a sua antiguidade. Por outro lado, a definição de um papel era necessária, pois candomblé constrói seus mitos sempre à imagem e semelhança das funções sociais que já na sua sociedade e origem.

Por isso, também é figura da Orixá uma certa lentidão de gestos e diversos outros caracteres comuns a Oxalá (Patriarca iorubá). Com relação ao domínio, Nanã na sua cultura original, como já foi descrito em parágrafos anteriores, domina a terra, enquanto seu culto, passou para os iorubás, isso também foi alterado. Sendo associada, a lama, ao lodo do fundo dos rios e dos mares em geral, e aos pântanos, pois nesses lugares existe um ponto médio entre a terra e as águas. Com relação ao seu perfil psicológico, existe várias divergências. Às vezes é citada nas lendas como a avó doce, a supere mãe carinhosa e passiva perante as crianças que, como no arquétipo ocidental da avó, faz as vontades da criança. Nas outras narrativas, Nanã também é lembrada como velha ranzinza que está sempre lembrando que é ela a chefe da família, que todos um dia já obedeceram quando ela era mãe apenas, mas que agora foi posto de lado pelas gerações mais novas. Sua vida, então, seria reclamar do passado perdido, dos tempos melhores que já foram e exigir no presente o mesmo respeito ás suas determinações e a seu comando que um dia conseguiu.

Oxossi

Oxossi o conhecimento. O Guardião do ponto de força da natureza vegetal. Quando falamos em natureza, logo nos vem à mente as florestas, as matas e os bosques, enfim, tudo o que é puro, ainda não destruído pela ação do homem, racional, mas predador por excelência.

Quando falamos em Oxossi, lembramo-nos dos caboclos. Na Umbanda, os caboclos têm uma função relevante, pois são eles que assumem a frente das linhas de trabalho dos médiuns. Os caboclos são o elo dos médiuns com os Orixás.

Sob o domínio de Oxossi existem milhares de falanges de trabalhos, todas elas com suas ordens e campos de atuação próprios. As matas emanam uma energia etérea que é muito utilizada para curas espirituais. Desde a antiguidade as ervas são utilizadas para cura; os frutos, os cereais, e outros vegetais utilizados como alimentos; por isso Oxossi também é considerado o Orixá da fartura.

Oxossi é a irradiação benéfica das matas, que espíritos sofredores são curados, doutrinados e encaminhados às outras linhas de força para que possam caminhar rumo ao doador da vida, “Olorum”. Seu símbolo (Ferramenta ou arma) é a lança de Oxossi e em outros momentos arco e flecha; seu símbolo escrito pode variar de acordo com a linha, mas em geral são lanças e flechas, seu elemento é o próprio reino vegetal, e sua cor é o verde.

Oxossi costuma ser sincretizado como São Jorge na Bahia e como São Sebastião no restante do Brasil.

Lenda:

Olofim era um rei africano de ifé, lugar de origem de todos os iorubás. Cada ano, na época da colheita Olofim comemorava em seu reino, a festa dos inhames. Ninguém no país podia comer dos novos inhames antes da festa. Chegado o dia, o rei instalava-se no pátio do seu palácio. Suas mulheres sentavam-se a sua direita, seus ministros sentavam-se a sua esquerda, seus escravos sentavam-se atrás dele, agitando leques e espanta moscas e os tambores soavam para saldá-lo. As pessoas reunidas comiam inhame pilado e bebiam vinho de palma. Elas comemoravam brincavam.

De repente um enorme pássaro voou sobre a festa. O pássaro voava para a direita e voava para a esquerda, até que veio pousar sobre o teto do palácio. A estranha ave fora enviada pelas feiticeiras furiosas porque não foram convidadas para a festa. O pássaro causava espanto a todos! Era tão grande que o rei pensou ser uma nuvem cobrindo a cidade. Sua asa esquerda cobria todo o lado esquerdo do palácio, sua asa direita cobria o lado direito do palácio, as penas do seu rabo varriam o quintal e sua cabeça cobria o portal de entrada.

"Vamos rápido chamar os caçadores mais hábeis do reino”. De Idô , trouxeram Oxutogum, "Caçador das vinte flechas". O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas vinte flechas. Oxotogum afirmou: "Que me cortem a cabeça se eu não o matar”. E lançou suas vinte flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro. O rei mandou prender. De Morê chegou Oxotogi "Caçador das quarentas flechas”. O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas quarenta flechas. Oxotogi afirmou: "Que me condenem à morte se eu não o matar". E lançou as suas quarentas flechas, mas nenhuma atingiu o pássaro. O rei mandou prender. De Ilarê, Apresentou-se Oxotadotá, o "Caçador das cinqüenta flechas". O rei lhe ordenou matar o pássaro com suas cinqüenta flechas. Oxotadotá afirmou: "Que extermine toda a minha família se eu não o matar". Lançou suas cinqüenta flechas e nenhuma atingiu o pássaro. O rei mandou prender.

De Iremã, chegou finalmente Oxotokanxoxô, o " Caçador de uma só flecha". O rei lhe ordenou matar o pássaro com sua única flecha. Oxotokanxoxô afirmou: "Que me cortem em pedaços se eu não o matar". Ouvindo isso a mãe de Oxotokanxoxô que não tinha outros filhos, foi rápido consultar um Babarão, o adivinho, e saber o que fazer para ajudar seu único filho.Disse-lhe o Babarão. "Seu filho está a um passo da morte ou da riqueza. Faça uma oferenda e a morte se tornará riqueza. "E ensinou-lhe como fazer uma oferenda que agradasse às feiticeiras. A mãe sacrificou então uma galinha abrindo-lhe o peito e rápido colocar na estrada, gritando três vezes: "Que o peito do pássaro aceite este presente". Foi no momento exato que o Oxotokanxoxô atirava sua única flecha. O feitiço pronunciado pela mãe do caçador chegou ao grande pássaro. Ele quis receber a oferenda e relaxou o encanto que o protegerá até então. A flecha de Oxotokanxoxô o atingiu em pleno peito. O pássaro caiu pesadamente, se debateu e morreu. A notícia se espalhou:

Foi Oxotokanxoxô, o "Caçador de uma só flecha", que matou o pássaro! O rei lhe havia feito uma promessa, se ele conseguisse matar o pássaro! Ele ganharia a metade de uma fortuna! Todas as riquezas do reino seriam divididas ao meio, e uma metade foi dada a Oxotokanxoxô! Os três caçadores foram soltos da prisão e como recompensa, Oxotogum, o "Caçador das vinte flechas" ofereceu a Oxotokanxoxô vinte sacos de búzios. Oxotadotá, o "Caçador das cinqüenta flechas", ofereceu-lhe cinqüenta. E todos cantaram para Oxotokanxoxô. Babalaô também, juntou-se a eles cantando e batendo em seu
agagô: "Oxowusi! Oxowusi! Oxowusi!" "O caçador Oxo é popular!" E assim é que Oxotokanxoxô foi chamado de Oxowusi. “Que hoje é o Orixá Oxossi”.

Iemanjá

Iemanjá, nossa mãe, Rainha do Mar! Senhora da Coroa estrelada. Orixá maior doadora da vida e dona do ponto de força da natureza, o mar, onde tudo é levado para ser purificado e depois devolvido.

Iemanjá é a maternidade que envolve os seres, os ampara e os encaminha diligentemente, protegendo-os até que estejam aptos a se guiar (consciências despertadas). Ela é a água da vida que vivifica os sentimentos e, em suas irradiações, unifica os seres tornando-os fecundos na criatividade (vida).

Do mar é que saem irradiações energéticas salinas que purificam o nosso planeta. Do mar também saem energias magnéticas que imantam o globo terrestre, ou o mantém imantado. Quando vemos a alegria das pessoas em contato com o mar podemos sentir sua energia equilibradora.

Iemanjá tem sob sua direção milhares de falanges de espíritos que trabalham incessantemente pelo equilíbrio da humanidade. Seu símbolo (Ferramenta) é o Abebé, espelho prateado, seu símbolo escrito é a estrela de cinco pontas com linhas curvas abaixo representando o mar, pois seu elemento é a água salgada, e sua cor é o azul.

Lenda:

Iemanjá era a filha de Olokum, a deusa da mar. Ela tornou-se, em Ifé, a esposa de Olofin-Odudua, com o qual teve dez filhos. Estas crianças receberam nomes simbólicos e tornaram-se todos orixás. Um deles foi chamado Oxumare o arco-íris, "aquele que se desloca com a chuva e retém o fogo no seus punhos". Outro tinha o nome de Xangô, o trovão, "aquele que se destaca com a chuva e revela seus segredos". De tanto amamentar seus filhos, os seios de Iemanjá tornaram-se imensos. Cansada de sua estadia em Ifé, Iemanjá fugiu em direção ao "entardecer da terra", como os iorubás designam, o oeste, chegando a Abeukutá. Ao norte de Abeukutá, vivia Okerê, rei de Xaki. Iemanjá continuava muito bonita. Okerê desejou-a e propôs-lhe casamento. Iemanjá aceitou, mas impondo uma condição, disse-lhe: "Jamais você ridicularizará da imensidão dos meus seios". Okerê, gentil e polido tratava Iemanjá com consideração e respeito. Mas um dia, ela bebeu vinho de palma em excesso. Voltou para casa bêbado e titubeante. Ele não sabia mais o que fazia. Ele não sabia mais o que dizia. Tropeçando em Iemanjá, está chamou-o de bêbado e imprestável. Okerê, vexado, gritou: "Você com seus seios compridos, grandes e trêmulos". Iemanjá ofendida fugiu disparada. Certa vez, antes do seu primeiro casamento, Iemanjá receberá de sua mãe, Olokum, uma garrafa contendo uma poção mágica pois, dissera-lhe esta: "Nunca se sabe o que pode acontecer amanhã. Em caso de necessidade quebre a garrafa jogando-a no chão". Em sua fuga, Iemanjá tropeçou e caiu. A garrafa quebrou-se e dela nasceu um rio. As águas tumultuosas deste rio levaram Iemanjá em direção ao oceano, residência de sua mãe Olokum. Okerê contrariado, queria impedir a fuga de sua mulher. Querendo barrar-lhe o caminho. Ele transformou-se em uma colina, chamada ainda hoje Okerê, e colocou-se no seu caminho. Iemanjá quis passar pela direita, Okerê deslocou-se para a direita, Iemanjá quis passar pela esquerda, Okerê deslocou-se para a esquerda. Iemanjá, vendo assim bloqueado seu caminho para a casa materna, chamou Xangô , o mais poderoso dos seus filhos. Kawô Kabiyesi Xangô, Kawô Kabiyesi Oba Kossô! "Saudemos o Rei Xangô, saudemos o Rei de Kossô". Xangô veio com dignidade e seguro do seu poder. Ele pediu uma oferenda de um carneiro e quatro galos, um prato de "Amalá", preparado com farinha de inhame, e um prato de "gbeguiri", feito com feijão e cebola. E declarou que no dia seguinte, Iemanjá encontraria por onde passar. Neste dia, xangô desfez todos nós que prendiam as amarras da chuva. Começaram a aparecer nuvens dos lados da manhã e da tarde do dia. Começaram a aparecer nuvens da direita e da esquerda do dia.

Quando todas elas estavam reunidas, chegou Xangô com seu raio. Lançou-o sobre a colina Okerê ela abriu-se em duas e, Iemanjá foi-se para o mar de sua mãe Olokum, ai ficou e recusa-se, desde então a voltar a terra. Seus filhos chamam-na e saúdam-na:"Odô iyà, a mãe do rio ela não volta mais. Iemanjá a rainha das águas que usa roupas cobertas de pérolas". Ela tem filhos no mundo inteiro. Iemanjá está em todo lugar, aonde o mar vem bater-se com suas ondas espumantes. Seus filhos fazem-lhe oferendas para acalmá-la e agradá-la.

Rainha de todas águas do mundo, seu nome deriva da expressão “Yèyè omo ejá” que significa "a mãe dos filhos peixes". Apesar de no Brasil ser cultuada nas águas salgadas, sua origem é um rio que corre para o mar. O culto de Iemanjá é bastante difundido no Brasil, ele protege os marinheiros e pescadores assegurando que suas pescarias sejam sempre abundantes. Na Bahia, no dia 2 de fevereiro, a multidão de fieis invadem as praias a fim de pedir proteção para a rainha da água grande, entregando-lhe flores, jóias, água de cheiro e muitos outros presentes, rogando paz prosperidade. Aquela imagem de mulher branca, com longos cabelos pretos, e vestida de azul, está distante da imagem da deusa africana de seios chorosos. Iemanjá traz consigo o instinto de mãe, não aquela que pari, mas diretamente ligada á família, casa e aos filhos. A mãe que quer os filhos sempre perto de si, aquela que tem uma palavra de carinho, um conselho, um alívio psicológico.

Ogum

Ogum é o guardião do ponto de força que mantém o equilíbrio entre o que esta no alto e o que esta embaixo, o positivo e o negativo, a Luz e as Trevas. Por isso ele é chamado de “Senhor das Demandas”.

Tudo é regido por uma lei imutável, a Lei do Criador. Essa Lei é um meio para que nos mantenhamos na linha do equilíbrio, para que possamos evoluir. Quando ultrapassamos seus limites, encontramos Ogum pela frente. Sendo o Orixá que vigia a execução dos karmas, tem sob suas ordens tanto a Luz como as Trevas. É o senhor que vigia os caminhos, tanto para cima como para baixo. Sem Ogum, a justiça de Xangô não seria executada, e o equilíbrio não seria restabelecido. Assim Ogum é também um executor do karma.

Seu campo de ação se estende pelos sete círculos, tanto os ascendentes quanto os descendentes. Quando a Lei quer recompensar é Ogum quem dá, mas quando a Lei quer cobrar, é o seu lado negativo quem executa. Ogum é o Orixá que mantém ligação com todas as linhas de Exus de Lei e seu campo de atuação é imenso.

Ogum é também o Senhor da Guerra, seu símbolo (Ferramenta ou arma) é a espada, que também é seu símbolo escrito. Todas as danças dos filhos de Ogum incorporados do Orixá, tem marcações marciais de guerra e lutas. O elemento fundamental dos apetrechos de Ogum é o ferro, lembrando sua condição de ferreiro e metalúrgico. Sua cor é o vermelho ou azul mais brilhante que o aço assume no momento imediatamente posterior à forja.

Lenda:

Ogum era o mais velho e mais combativo dos filhos de Odudua, o conquistador e rei de Ifé. Por isto tornou-se regente do reino quando Odudua, momentaneamente, perdeu a visão. Ogum era guerreiro e temível. "Ogum , o valente guerreiro, o homem dos músculos de aço”. Ogum lutava sem cessar contra os reinos vizinhos. Ele trazia, sempre, um rico espólio de suas expedições, além de numerosos escravos. Todos esses bens conquistados ele entregava ao Ododua, seu pai, rei de Ifé. Ogum teve muitas aventuras galantes. Ele conheceu uma senhora chamada Elefunlosunlori, "aquela-que-pinta-a-cabeça-com-pós-branco-e-vermelho". Era mulher de Orixá Okô, o Deus da agricultura. De outra feita, indo para a guerra Ogum encontrou à margem de um riacho uma outra mulher chamada Oyá, e com ele teve o filho Oxossi. Teve também três outras mulheres que se tornaram , posteriormente mulheres de Xangô. Kawô Kabiysi Alafin Oyô Alayeluwa. "Saudemos o rei Xangô, o dono do palácio de Oyó, senhor do mundo!". A primeira, Iansã, era bela e fascinante; a segunda Oxum, linda e vaidosa; a terceira Obá era vigorosa e invencível. Ogum continuou suas guerras, durante uma delas, ele tomou Irê. Antigamente, esta cidade era formada por sete aldeias. Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum Mejejê Lodê Irê "Ogum das sete partes do Irê". Ogum matou o rei Onirê e o substituiu pelo próprio filho conservando para si o título de rei. Ele é saudado como Ogum Onirê. "Ogum rei de Irê". Entretanto ele foi autorizado a usar apenas uma pequena coroa, "Akorô" dai ser chamado também de Ogum Alakorô. "Ogum dono da pequena coroa". Após instalar seu filho no trono de Irê, Ogum foi-se guerrear durante muitos anos. Quando voltou a Irê, após longa ausência, ele não reconheceu o lugar. Por infelicidade, no dia de sua chegada, celebrava-se uma cerimônia, na qual, todo mundo devia aguardar silêncio completo. Ogum tinha fome e sede. Ele viu as jarras de vinho de palma, mas desconhecia que elas já estavam vazias. O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo. Ogum cuja paciência é curta , encolerizou-se. Quebrou as jarras com golpes de espada. A cerimônia tendo acabada apareceu finalmente o filho de Ogum e ofereceu-lhe seus pratos prediletos: carne de boi, de preferência crua, caracóis com feijão, regados ao dendê e tudo acompanhado de muito vinho de palma. Os habitantes de Irê batiam tambores e cantavam louvores: “Ogum guerreiro, o homem dos músculos de aço”.

Ogum tornara-se um orixá. Ogum Yêêê!

Obaluaiê

Em todas as culturas, os povos têm o seu campo santo, o seu cemitério, como um lugar sagrado, pois, o cemitério representa o ponto de transição do espírito quando este deixa a matéria.

Quanto a Obaluaiê do seu ponto de forças o campo santo (cemitério), também conhecido como kalunga pequena, ele coordena todas as almas, pois, ele tem um campo de ação muito grande como Senhor das Almas. É ele que mantém os espíritos nos cemitérios após o desencarne se assim a Lei ordenar. Ali todos os Orixás tem seus sub pontos de força. Lá está Iansã D’Balê, Ogum Megê, Xangô da Terra, Oxossi com seus caboclos das almas, assim como a maior linha de trabalhos espirituais, a linha dos Pretos Velhos, regidas por Obaluaiê. Não se esquecendo também que o mar é a kalunga grande, há também entrecruzamento de linhas neste campo.

Obaluaiê também é tido como o Senhor das Doenças, ou seja, seu poder traz curas espirituais, aliviando os enfermos de suas chagas. Ele é filho de Nanã , seu elemento é a terra muito semelhante a sua Mãe. Seu símbolo (ferramenta) é o xaxará, feixe de palha da costa e búzios e sua roupa também é feita de palha da costa. Seu símbolo escrito em geral são cruzes que representam o cemitério; e sua cor é o branco e preto.

Lenda:

Xapanã nasceu em Empê, no território Tapá, também chamado Nupê. Era um guerreiro terrível que, seguido de suas tropas, percorria os céus e os quatro cantos do mundo. Ele massacrava sem piedade aqueles que se opunham à sua passagem. Seus inimigos saiam dos combates mutilados ou morriam de peste. Assim, chegou Xapanã em território Mahí, no Daomé. A terra dos Mahis abrangia a cidade de Savalú e Dassa Zumê. Quando souberam da chegada eminente de Xapanã, os habitantes desta região apavorados, consultaram um adivinho. E assim ele falou: "O grande guerreiro chegou Empê. Aquele que se tornará o senhor de país. Aquele que tornará esta terra rica e próspera chegou. Se o povo não aceitar ele o destruirá. É necessário que supliquem a Xapanã que os poupe. Façam-lhe muitas oferendas, todas as que ele goste, inhame pilado, feijão, farinha de milho, azeite de dendê, e muita, muita pipoca! Será necessário também que todos se prosternem diante dele, que o respeitem e o sirvam. Logo que o povo o reconheça como pai, Xapanã não combaterá, mas protegerá a todos”.

Quando Xapanâ chegou, conduzindo seus ferozes guerreiros, os habitantes de Savalú e Dassa Zumê reverenciaram-no encostando suas testas no chão, e saudaram-no: "Toto hum! Toto hum! Atotô! Atotô". "Respeito e Submissão". Xapanã aceitou os presentes e as homenagens dizendo: "Está bem! Eu os pouparei. Durante minhas viagens, desde Empê, minha terra natal, sempre encontrei desconfiança e hostilidade. Construam para mim um palácio. É aqui que viverei a partir de agora". Xapanã instalou-se assim entre os Mahis. O país prosperou e enriqueceu e o grande guerreiro não voltou mais a Empê no território Tapá, também chamado Nupê. Xapanã é considerado o Deus da varíola e das doenças contagiosas. Ele tem, também o poder de curar. As doenças contagiosas são, na realidade, punições aplicadas àqueles que o ofenderam ou conduziram-se mal. Seu verdadeiro nome é perigoso demais pronunciar. Por prudência, é preferível chamá-lo Obaluaiê, O "Rei, Senhor da Terra" ou Omulú, "Filho do senhor”.